Clínica Mens Sana
Frei Albino Aresi
 

   
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VAMOS FALAR SOBRE CULPA
Fonte: Clinica Mens Sana - 22/05/2013
 
A culpa se caracteriza pela conduta de alguém por imperícia,negligência ou imprudência,causando dano ou ofensa à pessoa ou a direito de outrem.Se houver intenção nesse procedimento danoso,estará caracterizado o dolo e aumentará consideravelmente a responsabilidade do agente,isto em matéria de direito.

Todavia,psicologicamente,existe um sentimento encravado em nosso comportamento que é responsável por nossos grandes sofrimentos,tristezas e frustrações.Esse é o sentimento de culpa.

O sentimento de culpa representa a nossa permanência no passado e a tristeza por não termos sido o que deveríamos ter sido.Cometemos um erro que entendemos que não deveríamos ter cometido.

A essência desse sentimento repousa nestas palavras: “Não deveria”....

Vivemos nos torturando psicologicamente pelo que fomos no passado e a imagem atual que nos vem de como deveríamos ter sido.

Na nossa concepção de ser e estar no mundo de hoje,queremos que seja a mesma que nos presidiu quando erramos no passado,o que é impossível porque estamos sempre em evolução,sempre aprendendo a viver.Por isso vivemos sempre frustrados e insatisfeitos na vida.

Queremos sempre ser perfeitos,ontem e hoje,esquecendo-nos que a evolução é uma realidade e que a aprendizagem ocorre desde o nascimento até a morte: “Quanto mais se sabe,mais se sobe (Chauchard)”.

Vivemos sempre a nos culpar por não sermos perfeitos,por não sermos infalíveis e por isso vivemos a lamentar os nossos erros,gastando todas as nossas energias nessas lamentações,ao invés de aplicarmos nossas energias em novas ações,em novos comportamentos.

Esse sentimento de culpa por erros cometidos no decorrer de nossos anos vividos,se constitui em um auto desprezo,e reconhecimento da nossa fragilidade em tempos anteriores.Esses erros são resultantes de falsas crenças que existem em nós,como por exemplo acreditar na possibilidade da perfeição

Todavia,acreditar na possibilidade de perfeição em tudo o que fazemos,acreditar que existe a perfeição no nosso viver,e que estamos no mundo para sermos perfeitos,isentos de erro ,é vivermos atormentados pelo sentimento de culpa .Eis a praga do perfeccionismo


É errado o conceito no sentido de que é possível não errar É impossível não errar. É impossível viver neste mundo sem cometer erros.Temos nossas limitações e por isso erramos. Daí a necessidade que têm os perfeccionistas de freqüentarem a psicoterapia para se compenetrarem de que vivemos sempre sujeitos a erros exatamente devido às nossas limitações,devido aos nossos horizontes,em tudo que fazemos e que o perfeccionismo é mera ilusão



O perfeccionismo é uma doença que precisa ser tratada já que existe cura


A propósito,é importante relembrar este texto extraído do livro”Buscando ser o que eu sou” “O perfeccionismo é uma morte lenta . Se tudo se cumprisse à risca como eu gostaria,exatamente como eu planejara ,jamais experimentaria algo novo. Minha vida seria uma repetição infinda de sucessos já vividos.

Quando cometo um erro,vivo algo inesperado.

Algumas vezes reajo ao cometer erros como se tivesse traído a mim mesmo. O medo de cometer erros parece fundamentar-se na recôndita presunção de que sou, potencialmente perfeito, e de que se for muito cuidadoso não perderei o céu.. Contudo, o erro é uma demonstração de como eu sou. É um solavanco no caminho que tracei. Um lembrete de que não estou lidando com os fatos.Quando der ouvidos aos meus erros,ao invés de me lamentar,por dentro terei crescido”.

Outra falsa crença é o correlacionamento entre culpa e erro.

Sempre entendemos que a culpa decorre do erro e que não haverá culpa se não houver erro.

Mas,não é bem assim.

Erro é erro e culpa é culpa e nem sempre a culpa decorre do erro.

Erro é o modo de se fazer algo diferente de algum padrão.É fazer algo fora do modelo determinado que pode ser errado hoje e não amanhã:que pode ser errado em um país e certo ou não errado em outro país.

Por sua vez,a culpa é um sentimento e vem da crença falsa de que é errado errar e se erramos devemos espiar essa culpa,pagando,de alguma forma por issso.

Sempre queremos nos punir porque erramos.Mas é impossível não errar,porque o erro está inserido na condição humana “ERRARE HUMANUS EST”.Quem nunca erra, quem nunca sai dos padrões preestabelecidos,não é do gênero humana,para ser divino.

O crescimento espiritual ocorre do erro,decorre do alevantamento,mas para subirmos,temos que cair,para atingirmos a perfeição como ser superior,temos que errar.

Portanto,se colocarmos o sentimento de culpa nos erros estaremos sempre nos culpando,porque sempre erramos.

Outros existem que têm sentimentos de culpa por erro imaginário,como por exemplo,aquele que se julga culpado pela morte da suamãe ocorrida no momento do parto.Aqui teremos a culpa sem erro.

Afinal,como arrancar de nós esse sentimento de culpa e esse hábito de nos deprimirmos pelos erros cometidos?

A solução,o remédio é o auto perdão.

Auto perdão é a aceitação da vida.É a capacidade de esquecer o passado e viver o presente com intensidade.É a elevação da auto estima.

Muito a propósito diz Fritz Perls,no livro “Isto é gestalt”:

“Que isto fique para o homen! – Tentar ser algo que não é,ter idéias que não são atingíveis;ter a praga do perfeccionismo de forma a estar livre de críticas,e abrir a fenda da tortura mental.
Amigo,não seja um perfeccionista,perfeccionista é uma maldição e uma prisão.Quanto mais você treme,mais erra o alvo.
Você é perfeito,se se permitir sê-lo.
Amigo não tenha medo de erros.Erros não são pecados.Erro são formas de fazer algo de maneira diferente,talvez criativamente nova.
Amigo,não fique aborrecido por seus erros.Alegre-se por eles.Voce teve coragem de dar algo de si”.

Portanto,devemos viver o presente com profunda intensidade como se fosse cada momento o último de nossa vida:seja você mesmo,sempre!!.
 
   

   
 
       
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